terça-feira, maio 03, 2005

Além do Travesseiro

Colocava exausto a cabeça no travesseiro e esperava uns minutos.
Adormecia e acordava do outro lado. E lá começava um novo dia.
Porém lá tudo era mais etéril, mais efêmero e um tanto difuso. Quando lá lhe perguntavam como tinha sido a noite, ele respondia que que tinha sido terrível.
Os pesadelos não paravam.
Lá dizia que todas as noites sonhava com um mundo em que as pessoas se preocupavam demais com as coisas, que não tinham tempo pra nada e que não queriam amar...
Os amigos consolavam. Diziam que um dia estes pesadelos acabariam.
Mas não acabavam.
Lá teve um bom dia. Conversou com os seus colegas, discutiu a existência de mundos paralelos, comeu frutos tirados diretos do pé, amou a mulher que amava, tomou banho num límpido riacho e aproveitou o ócio da tarde.
Enquanto apreciava numa rede a tênue claridade crepuscular chochilou por alguns intantes lá e acordou aqui.
Olhou para o relógio e viu que ainda lhe faltavam algumas horas. Voltou a dormir e acordou na rede quando já estava escuro.
Aproveitou as últimas horas da melhor maneira que lhe cabia. Colocou levemente a cabeça no travesseiro. Adromeceu.
Quando os amigos lhe perguntaram como foi a noite.
Respondeu que preferia não ter acordado.

Eu sempre achei que quando a gente dorme vai pra outra dimensão... E que lá é a realidade e aqui é o pesadelo... Isso é muito Sartre...

Obs: Não, eu não estou depressivo, mas esse mundo me cansa às vezes...

Ouvindo "Parafuso" da "Orquestra Popular de Câmara"...