quarta-feira, agosto 17, 2005

E lá se foram...

Numa feira qualquer de São Paulo.
O barulho de uma moeda caindo é percebido.
Uma senhora deixara o pequeno valor monetário embutido naquele pedaço de aço e níquel escorregar de suas mãos. Idade avançada. Se fosse nos velhos tempos teria buscado furtivamente por sua moeda, ou melhor, algum cavalheiro disporia seu tempo para recuperar a moeda que corria pela rua.
O garoto acabara de comer um pastel e um caldo de cana.
Na realidade foram dois pastéis, um copo de caldo de cana e logo em seguida seu copo foi novamente preenchido com a mais doce e, segundo seu avó, nutritiva garapa.
Seus olhos correram pela rua seguindo o metal.
Vinte e cinco centavos.
A senhora já desistira de procurar.
O garoto pegou a moeda e chamou a velhinha que estava de costas para ele.
A figura idosa, frágil, de alvos cabelos, óculos de armação grossa e olhos claros se espantou. Pegou a moeda e disse:
"Ninguém faria isso hoje em dia. Obrigada. Você é um anjo."
Desconcertado, porém feliz, o garoto foi embora.
O impacto que o olhar da velhinha me causou foi enorme.
Será que nos tempos dela alguém entregaria sua moeda?
O garoto poderia muito bem ter pegado o dinheiro ir embora... Ou simplesmente ir embora.
O garoto não será bonzinho para todo o sempre.
Era inocente.
Infelizmente nasceu num mundo que não foi feito para inocentes.
O ser humano me dá arrepios, calafrios, suspiros ou alegrias.


Pós Post:
Perdi todo o fio da meada...
às vezes acho que só preciso de alguém que diga "Cayo, eu gosto de você pelo que você é, e não pelo que está..."
Alguém que eu saiba que me ama mas que não deixe isso claro...
Dormir é a melhor solução para esse momento depressão...