Apesar do pesar
Estavam deitados. Os pés de cada lado. Cabeça com cabeça. Olhavam para o teto imaginando um céu estrelado e uma Lua cheia, mas só tinham o teto e contentavam-se com o mesmo. Já estavam satisfeitos por estarem um ao lado do outro.
Em suas mentes passavam milhares de pensamentos diferentes e não sabiam como expressá-los. Perguntas, respostas e idéias.
"No que está pensando?" disse ele.
"Não sei bem. Muitas coisas." respondeu ela deixando ares de dúvida.
"Estou entre essas coisas?" arriscou.
"Talvez" disse ela com um sorriso leve no canto dos lábios que ele não percebeu "No que você está pensando?" completou ela.
"Pode ser em você?" disse ele ao virar-se de lado enquanto ela fazia o mesmo.
"Não tem nada melhor?" ironizou.
"Talvez, mas no momento é você mesmo." disse ele pensativo.
Ela compreendia que naquele momento, naquele exato momento, só podia ser ela. Talvez depois em outro dia, outro momento, seria outra, mas agora era ela.
Sentia-se bem, mas sentia-se mal. Em sua mente corriam outros pensamentos além dele. Muitos outros.
Não que não gostasse dele, sentia lá alguma coisa. Ficava feliz junto a ele. Sorria junto a ele, mas sentia certa pena.
Via aqueles olhos apaixonados. Aqueles olhinhos infantis que a encaravam e diziam, sem som, um ingênuo "quero estar com você".
Conversavam muito com olhares e gestos. Ele talvez não entendesse todos os dela mas ela, sim, ela entendia os dele. Eram olhares em formação, desajeitados, confusos e puros. Como na vez em que ela teve de dizer "não" e viu nos olhos dele o mais sincero e dolorido "Por quê?". Comovida, a única resposta que pôde dar foi um beijo e um adeus.
Ele sabia de muitas coisas que não devia fazer ou falar. Aprendera bastante com tempo. Mas também sabia que seus olhares às vezes entregavam o jogo.
Não sabia se gostava tanto assim dela. Sentia-se bem com ela. Ficava feliz. Sorria. Sabia que ela sentia o mesmo, mas talvez não fôsse equivalente.
Ao passo que ia pensando, um olhando para o outro, sentiam-se relaxados e seus olhos já iam fechando.
Passou a mão pelo pelo já quase adormecido rosto dele. Deu-lhe um leve beijo e levantou. Pegou suas coisas e saiu de leve, sem muito barulho. Tinha plena noção do clichê que cometia. Saindo sem deixar recado. Já fizera muitas vezes a mesma coisa. No outro dia, como de praxe, ele ligaria, marcariam novo encontro e ela acabaria cedendo novamente a ele. Talvez gostasse mesmo dele. Talvez devesse ficar dessa vez.
Foi embora. E no rosto correu-lhe uma lágrima.
Ao acordar, hesitou em abrir os olhos. Sabia que não a encontraria, e dos olhos fechados, mescladas em raiva e tristeza, correram-lhe lágrimas.
Tomou decisão importante na vida: dessa vez, não ligaria.
E assim o fez.
Em suas mentes passavam milhares de pensamentos diferentes e não sabiam como expressá-los. Perguntas, respostas e idéias.
"No que está pensando?" disse ele.
"Não sei bem. Muitas coisas." respondeu ela deixando ares de dúvida.
"Estou entre essas coisas?" arriscou.
"Talvez" disse ela com um sorriso leve no canto dos lábios que ele não percebeu "No que você está pensando?" completou ela.
"Pode ser em você?" disse ele ao virar-se de lado enquanto ela fazia o mesmo.
"Não tem nada melhor?" ironizou.
"Talvez, mas no momento é você mesmo." disse ele pensativo.
Ela compreendia que naquele momento, naquele exato momento, só podia ser ela. Talvez depois em outro dia, outro momento, seria outra, mas agora era ela.
Sentia-se bem, mas sentia-se mal. Em sua mente corriam outros pensamentos além dele. Muitos outros.
Não que não gostasse dele, sentia lá alguma coisa. Ficava feliz junto a ele. Sorria junto a ele, mas sentia certa pena.
Via aqueles olhos apaixonados. Aqueles olhinhos infantis que a encaravam e diziam, sem som, um ingênuo "quero estar com você".
Conversavam muito com olhares e gestos. Ele talvez não entendesse todos os dela mas ela, sim, ela entendia os dele. Eram olhares em formação, desajeitados, confusos e puros. Como na vez em que ela teve de dizer "não" e viu nos olhos dele o mais sincero e dolorido "Por quê?". Comovida, a única resposta que pôde dar foi um beijo e um adeus.
Ele sabia de muitas coisas que não devia fazer ou falar. Aprendera bastante com tempo. Mas também sabia que seus olhares às vezes entregavam o jogo.
Não sabia se gostava tanto assim dela. Sentia-se bem com ela. Ficava feliz. Sorria. Sabia que ela sentia o mesmo, mas talvez não fôsse equivalente.
Ao passo que ia pensando, um olhando para o outro, sentiam-se relaxados e seus olhos já iam fechando.
Passou a mão pelo pelo já quase adormecido rosto dele. Deu-lhe um leve beijo e levantou. Pegou suas coisas e saiu de leve, sem muito barulho. Tinha plena noção do clichê que cometia. Saindo sem deixar recado. Já fizera muitas vezes a mesma coisa. No outro dia, como de praxe, ele ligaria, marcariam novo encontro e ela acabaria cedendo novamente a ele. Talvez gostasse mesmo dele. Talvez devesse ficar dessa vez.
Foi embora. E no rosto correu-lhe uma lágrima.
Ao acordar, hesitou em abrir os olhos. Sabia que não a encontraria, e dos olhos fechados, mescladas em raiva e tristeza, correram-lhe lágrimas.
Tomou decisão importante na vida: dessa vez, não ligaria.
E assim o fez.
Ouvindo Los Hermanos em "Morena":
"Pra nós, todo o amor do mundo
Pra eles, o outro lado
Eu digo mal me quer
Ninguém escapa o peso de viver assim
Ser assim, eu não
Prefiro assim com você
Juntinho, sem caber de imaginar
Até o fim raiar..."
"Um amor assim delicado
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado
Apostar na alegria
Você pensa que eu tenho tudo
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa..."
Ouça as músicas aqui ou aqui.
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