segunda-feira, setembro 18, 2006

Chance

Mais um com Ele... Texto 1, Texto 2, Texto 3.

Para piegas...

No velório, todos choravam a morte de Dulce.
"Não só eu, mas creio que o mundo inteiro perdeu nessa semana uma grande amiga, irmã e companheira" dizia o viúvo no discurso televisionado. Dulce era de fato uma mulher importante. Filha de pais ricos, sempre se preocupou em ajudar pessoas carentes. Fundou uma série de associações por todo os cantos do mundo, sempre de forma anônima. Tímida, concedia poucas entrevistas. A entrevista mais longa que dera fora para seu próprio irmão, que era jornalista, e que ocupou metade de uma folha de uma dessas revistas de grande circulação. Ao contrário do que muitos pensavam, Dulce não era uma socialight ou uma madame cheia de casacos de pele. Mantinha-se alheia às câmeras, mas de uma forma ou de outra estava sempre envolvida em alguma causa humanitária que tivesse a ver com seu país ou com certas partes do mundo.
"Uma mulher que pensou mais no próximo do que em si mesma. Uma mulher de luta" continuava o viúvo que fazia freqüentes pausas para que os jornalistas de todo o mundo pudessem traduzir para seus respectivos países.
Em meio aos rostos regados em pranto e tristeza, lá estava Dulce, de pé, olhando para o próprio corpo. Ela, com um sorriso nos lábios, observava sua face morta, esquálida e séria. Olhava também para seus parentes. Alguns ela nunca tinha visto e não entendia muito bem o motivo da presença dos mesmos.
Divertia-se com tudo aquilo. Sempre quis saber como era estar morta e agora ela sabia bem. Achava estranho também. O que iria fazer agora? Ninguém iria buscá-la? Onde estava o céu ou o inferno? Apesar de ter levado uma vida de caridades, nem todas as coisas foram flores...
Foi quando um senhor de barba longa e roupas brancas longas parou do seu lado e disse:
"Surpresa?"
"Ah! Finalmente alguém... Estava começando a ficar preocupada."
"Aconteceram alguns probleminhas. Perdoe o atraso. Alguém já devia ter chegado assim que você morresse, desculpe, viesse a falecer..."
"Não tem problema, já me acostumei à idéia. Na verdade já havia me acostumado assim que vi o caminhão vir em direção ao carro."
"Alguns não aceitam tão fácil assim." disse o velho consultando uma prancheta que levava à mão.
"Você é diferente do que imagnava" disse Dulce.
"Defina" pedio com ar de interesse.
"Pensei que você estaria todo de preto, com uma foice na mão e no lugar do rosto, uma caveira." deduziu Dulce.
"Geralmente é esse o procedimento, mas esse cara teve uns problemas."
"Então ela existe mesmo? A morte?"
"Claro! Porque você acha que está aqui agora?"
"Eu sei! Mas estou falando da figura em si. Espere um pouco! Se ela não veio me buscar, quem é você afinal?"
"Não me reconhece? Barbas longas? Roupas brancas?" disse ele em tom irônico anotando algo na prancheta que não parecia ter muito a ver com a atual situação.
"Deus?"
"Bingo!" respondeu sem tirar os olhos da prancheta
"Mas por que você? Não devia estar ocupado? Não tem um monte de coisas pra resolver?"
"Já disse que aconteceram uns problemas! Por isso precisamos ir rápido."
"Tudo bem" disse Dulce um tanto cabisbaixa.
"O que foi? Parece decepcionada." disse ele erguendo os olhos por cima dos pápéis pregados à prancheta.
"Não! Não é nada."
"Nada?"
"É só que..." recuou.
"Escute! Você pode se abrir comigo! Aproveite, você não me verá com tanta freqüência." disse Deus com seu infalível tom paternal.
"É que todo esse tempo... Ajudando as pessoas, eus empre duvidei da sua existência, sabe?"
"Sim! Sei bem... Você não foi a única, acredite!"
"Eu sei mas..."
"Mas...? Olhe, não temos muito tempo."
"Mas agora eu olho pra você e você está aí. E olho em minha volta e todos os meus parentes e amigos aqui. E meu marido logo ali falando como se realmente me conhecesse. Provavelmente vai pegar todo o dinheiro e fugir com alguém, levando tudo que construí ao chão. Muitas pessoas perderão considerável assistência."
"Compreendo... De fato, as chances de isso acontecer são bem grandes" concluiu Deus.
"E você não faz nada? Vai ficar aí anotando na sua prancheta? Pessoas estão morrendo todos os dias... Pessoas que sã parte de você!" revoltou-se Dulce.
"Você tem razão! Não posso discordar!" disse Deus baixando a cabeça.
"E o que você pode fazer?"
"Nada"
"Como assim "Nada?"" gritou, e continuou "Você é Deus! Você pode mudar tudo isso num segundo."
"Posso sim! Umas coisinhas aqui, outras ali, mas não tudo." disse ainda olhando par ao chão.
"E porque não?"
"Não seria certo!"
"Como?" bradou Dulce.
"Escute! Eu tenho alguns bilhares de anos... Você não acha que eu acordo todo dia querendo mudar tudo? Querendo reiniciar tudo? Você não acha que às vezes eu penso que tudo isso foi um erro e que eu nunca deveria ter começado?"
"Pensa?"
"Sim! E muito" disse olhando para o nada.
"E por que não faz?" perguntou Dulce em tom de desafio.
"Você acha que valeria a pena?"
"Do jeito que vão as coisas..."
"Não é tão simples quanto parece. Eu mesmo teria de me auto destruir e começar tudo de novo."
"Por que não o faz? É uma chance."
"Você não entende! Não é por mim..."
"Por nós, humanos? Seres egoístas e violentos?"
"Não deveria dar uma segunda chance a eles?" peguntou Deus beirando a indignação.
"Não!" respondeu Dulce convicta.
"E todas aquelas pessoas que você ajudou? Aquelas das quais você mudou o futuro? Aquelas que, talvez, sigam o seu exemplo? Elas tabém não merecem outra chance?"
Dulce hesitou e à sua mente vieram todas as faces que pode lembrar. Alegres, tristes e chorosas. Todos que pode ajudar.
Sentia algo que nunca sentira antes. Não sabia bem o que era, mas começou a chorar. Sentiu Deus tocar em seu ombro.
"Entendeu como me sinto todo dia?" disse ele.
"Acho que sim..."
"Podemos ir?"
"Sim, por favor." disse ela enxugando as lágrimas.
E sumiram em meio à multidão.
Um garoto ainda puxou o vestido da mãe perguntando o motivo pelo qual havia um velho todo de branco conversando a sua Tia Dulce no meio de todo mundo. A mãe deu-lhe pouca atenção deixando-o sozinho naquele canto pensando. Sem entender muito bem o que se passava. Confuso e intrigado.
Como uma verdadeira criança. Como um verdadeiro ser humano.

terça-feira, setembro 12, 2006

Sobre como viver...

Post em protesto à vida ou ao destino.
E naqueles momentos em que você pode respirar aliviado achando que as coisas tomaram um certo rumo pelo menos a médio prazo.
Daí uma coisa sai errado e tudo parece sair dos eixos.

Usar os escombros como degraus?
Correr?
Fechar-se num canto e chorar?
Xingar quem você não agüenta mais ver na frente?
Encontrar aquela pessoa qualquer dia de surpresa e beijá-la sem avíso?

Fazer tudo isso não necessariamente nessa mesma ordem?

Mandem suas cartas, sugestões e comentários.
Pode ser via correio:
Rua Ana Simões de Oliveira, 99 - Vila Caxingui
CEP: 05516-010
São Paulo - SP

E-mail: cayo_eu@yahoo.com.br
Scrap: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=11847548131782447426

Os mais criativos ganharão um prêmio surpresa...
Adoraria receber cartas!!

Enfim! Convençam-me de que vale a pena continuar.
Ok... Muito trágico...
Na verdade eu só preciso de um abraço! E cartas!!!!

Até!

PS: Post bobo mesmo...