segunda-feira, janeiro 21, 2008

Metáforas de um amor de verão...

Como um feitiço. Aquilo que na noite anterior o fizera mergulhar num mar de prazer agora começava a sumir.
Pouco a pouco ela ia se vestindo. Ele, na cama, assistia o despir ao contrário.
O olhar despreocupado dela deixa os seus fixos.
Vez ou outra parava, sentava na cama, olháva-o com ternura e dáva-lhe um beijo. Ora nos lábios, ora na testa e voltava a torturá-lo. Assim como na noite anterior quando soltou a fivela do cinto bruscamente como dizendo "não é o que quer?", agora ela pregava a fivela nos buracos de em volta do cinto.
"Sei o que está pensando" dizia ele.
"O quê?" perguntava.
"Como é bobo" dizia.
"Não seja burro!" respondia nervosa.
Torturáva-o. Com esses beijo espaçados, deixáva-o com aquela cara de bobo. Aquele sorrisinho de canto que ela fazia tão bem, mas com outros pensamentos.
A meia, o tênis, a blusa.
Terminado. Sentou na cama mais uma vez.
Um certo sentimento de culpa pairava no ar. Por parte de ambos.
Ela não deveria estar alí, e ele sabia disso.
Mesmo tendo aquele momento. Momento sublime.
Coisas à flor da pele e que pouco entendidas ficaram no final.
Só os fatos, mas o sentimentos embaraçados no moinho.
Ao saírem, a chuva, lavando a culpa mesmo, banhou-os no caminho de volta.
Mas resquícios dessa mancha que desmancha sem boa razão ainda ficaram.
Tanto sentimento grudado, maltratado, escondido.
Fica na garganta. Preso.
Ele esconde com um sorrisinho bobo com malícia. Ela, maliciosa, mantém os sorrisinhos sarcásticos, sem malícia mesmo, só de natureza.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

"Ontem de manhã quando acordei, olhei a vida e me espantei..."

Dia desses entrei para a casa dos vinte.
Foi interessante, mas só cheguei à conclusão de que tinha completado vinte anos hoje.
Não sei por quê. Deu na telha... Acordei com aquele sentimento de sei lá, maturidade. Deve ter sido o sonho que tive. Foi bobo. Tinha a ver com o filme que assisti antes de dormir. Era um em que um sessentão namorava só menininhas com menos de trinta até que ele encontra a mãe de um de seus casuais casos e os dois começam a sentir uma certa afinidade. A mãe é durona. Quebrou há um tempo a casa dos cinqüenta, está divorciada e também há um tempo não sabe o que é se relacionar com alguém do sexo oposto.
Aparece, é claro, o médico bonitão e vinte anos mais novo que a cinqüentona e completamente apaixonado por ela. E não, o médico não termina o filme se apaixonando pela filha da mulher que ele amou durante o longa inteiro.
De qualquer modo, o filme é muito sublime. Trata dum tema manjado, relações, só que no âmbito das pessoas já vividas. Aquelas que já sofreram bastante com trabalho, estudo, amores e agora só querem manter a vida, e deixa um mensagem bem clara: "Se é para amar, ame pra valer, não importa o quanto você vá sofrer."
A questão é que muitos ligam "amar" ao ato de azucrinar a pessoa amada, ficar no pé e não deixá-la em paz. O filme deixa subentendido que se você vai amar alguém e quebrar a cara, por favor, faça-o com elegância.
Chore pra valer, mas ninguém precisa ficar vendo. E se for pra chorar na frente de quem ama, que seja algo sincero e não histérico.
Se é histérico, não é amor.
Mas quem sou eu pra falar de amor?
Nem velho sou, nem mulher eu sou. Essas sim devem saber de amor, mas é claro, só as elegantes.
E bate uma bossa nova na mente. Aquela batidinha sofrida, aquele canto doído que diz que "o amor é a coisa mais triste quando se desfaz..."
Talvez por isso o filme me tocou tanto. Bateu aquele sentimento saudosista e comtemplativo de que só os velhos sabem amar. Só eles são maduros para tal. Serão?
Bate um medo vez ou outra.
Entrei nesses vinte como que pulando de um abismo e com medo de que as asas não funcionem, e mesmo que assim o fizerem, derretam perto do Sol.
Os vividos conformados dirão "Você não viveu nada, ainda tem muito pra viver, mas isso vai num minuto!" e os jovens sedentos e inconseqüentes dirão lá de baixo "Mas só agora você vai pular do abismo?"
E eu ficarei dividido entre a imaturidade dos maduros e a assim dita maturidade dos imaturos.
Vou pular e ver no que vai dar.
Mas se eu me estrepar,

Estrepo-me com classe!

E vamos aos vinte!


Ouvindo "Vinte anos blue":

"...eu tenho mais de vinte anos
e eu tenho mais de mil perguntas
sem respostas
estou ligada num futuro blue..."


PS: O tal do filme